Índice | Geometria analítica
- 1O plano cartesiano
- 2Distância entre dois pontos
- 3Condição de alinhamento de três pontos
- 4Área de triângulo - método do determinante
- 5Equação de reta
- 6Equação geral da reta - método do determinante
- 7Tipos de equação de reta
- 8Como fazer a equação reduzida da reta
- 9Equação da reta a partir da inclinação e um ponto
- 10Mediatriz de segmento
- 11Retas paralelas e retas perpendiculares
- 12A circunferência no plano cartesiano - equação reduzida
- 13Equação geral da circunferência
- 14Interseções
Interseções
Na Geometria Analítica, determinar os pontos de interseção entre objetos geométricos significa resolver um sistema de equações.
Veremos os principais casos de interseção da Geometria Analítica e como resolvê-los.
Interseção de retas
Há $3$ possibilidades para a interseção de retas:
- Solução única – retas concorrentes
Quando resolvemos o sistema encontramos apenas $1$ solução; as retas só possuem $1$ ponto em comum.
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- Infinitas soluções – retas paralelas coincidentes
Este sistema é do tipo possível e indeterminado; as retas possuem todos os seus pontos em comum.
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- Nenhuma solução – retas paralelas distintas
O sistema é do tipo impossível; as retas não possuem nenhum ponto em comum.
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Exemplos de interseção de retas
Vamos mostrar um exemplo de cada caso de interseção de retas.
a) Interseção entre $r: y = x + 4$ e $s: 2x + y + 5 = 0$
$$\left \{ \begin{array}{l}
y = x + 4 \\
2x + y + 5 = 0
\end{array} \right.$$
Vamos aproveitar que o $y$ já está isolado na equação da primeira reta e substituir na segunda equação:
$$2x + x + 4 + 5 = 0 \\ 3x + 9 = 0 \\ 3x =- 9 \\ x =-3 $$
Agora voltamos e substituímos o valor do $x$:
$$y = x + 4 \\ y =-3 + 4 \\ y = 1$$
Portanto as retas são concorrentes no ponto $(-3, 1)$.
b) Interseção entre $t: 4x- 2y + 1 = 0$ e $u: y = 2x- 5$.
$$\left \{\begin{array}{l}
4x- 2y + 1 = 0 \\
y = 2x- 5
\end{array} \right.$$
Vamos substituir $y = 2x- 5$ na primeira equação:
$$4x- 2(2x- 5) +1 = 0 \\
4x- 4x + 10 + 1 =0 \\
11 = 0$$
Quando a equação chega num absurdo como $11 = 0$ significa que o sistema é impossível.
Podemos concluir então que as retas são paralelas distintas.
c) Neste exemplo faremos algo diferente.
Sabendo que as retas $p: 6x- 2y +(k- 1) = 0$ e $q: y = 3x + 2 $ são paralelas coincidentes, iremos determinar o valor de $k$.
$$\left \{ \begin{array}{l}
6x- 2y +(k- 1) = 0 \\
y = 3x + 2
\end{array} \right.$$
Iremos substituir $y = 3x + 2$ na primeira equação:
$$6x- 2(3x + 2) + k- 1 = 0 \\
6x- 6x- 4+ k- 1 = 0 \\
k- 5 = 0 \\
k = 5$$
Conclusão: o valor de $k$ deve ser $5$ para que as retas sejam paralelas coincidentes.
Interseção entre reta e circunferência
Para fazer este tipo de interseção é necessário resolver um sistema não-linear (com $x^2$ ou $y^2). Há $3$ possibilidades como solução deste sistema:
- Nenhuma solução – reta exterior à circunferência
A reta não possui nenhum ponto em comum com a circunferência.
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- Solução única – reta tangente à circunferência
A reta que possui apenas $1$ ponto em comum com a circunferência é chamada de reta tangente. Além disso,
* ela sempre é perpendicular à reta que liga o centro e o ponto de tangência;
* a distância entre o centro e a reta é igual ao raio.
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- Duas soluções – reta secante à circunferência
É quando a reta cruza a circunferência em $2$ pontos distintos.
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Exemplo: reta exterior à circunferência
Vamos verificar que a reta $r: x- 4y = 0$ é exterior à circunferência de equação $C: x^2 + y^2- 6y + 5 = 0$.
$$\left \{ \begin{array}{l}
x-4y = 0 \\
x^2 + y^2-6y + 5 = 0
\end{array} \right.$$
Vamos isolar o $x$ na primeira equação:
$$x = 4y$$
e substituir na segunda equação, lembrando de usar parênteses:
$$(4y)^2 + y^2- 6y + 5 = 0 \\ 16y^2 + y^2- 6y + 5 = 0 \\
17y^2- 6y + 5 = 0 $$
Chegamos em uma equação de 2º grau. Vamos calcular seu discriminante:
\begin{align}
\Delta &= (-6)^2- 4 \cdot 17 \cdot 5 \\
&= 36- 340 \\
&=- 304
\end{align}
Como o $\Delta$ é negativo, não existe solução real para o problema e portanto não há interseção entre os objetos.
Exemplo: reta tangente à circunferência
Vamos verificar se a reta $s: x- y- 1 = 0$ é tangente à circunferência $C: x^2 + y^2- 4x- 6y + 11 = 0$.
$$\left \{ \begin{array}{l}
x-y-1 = 0 \\
x^2 + y^2- 4x- 6y + 11 = 0
\end{array}\right.$$
Vamos isolar o $y$ na primeira equação:
$$x- y-1 = 0 \\ x- 1 = y \\ y = x- 1$$
E substituir na segunda equação:
$$x^2 + (x- 1)^2- 4x- 6 (x-1) + 11 =0 \\
x^2 + x^2- 2x + 1- 4x- 6x + 6 + 11 =0 \\
2x^2- 12x + 18 = 0 \qquad (\div 2) \\
x^2- 6x + 9 = 0 \qquad \ $$
Vamos calcular o discriminante desta equação:
\begin{align}
\Delta &= (-6)^2- 4 \cdot 1 \cdot 9 \\
&= 36- 36 \\
&= 0
\end{align}
Como o $\Delta = 0$, só iremos encontrar uma solução na equação de 2º grau. Aqui já podemos confirmar que a reta é tangente.
Se seguirmos em frente, vamos encontrar o ponto de tangência:
$$x = \dfrac{- (- 6) \pm \sqrt{0}}{2 \cdot 1} = \dfrac{6}{2} = 3$$
Agora que encontramos $x$ vamos voltar e calcular o $y$:
$$y = x- 1 \\ y = 3- 1 \\ y = 2$$
Portanto o ponto de interseção entre a reta e a circunferência é:
$$(3,2)$$
Comprimento de corda
Se uma reta é secante à uma circunferência elas possuem dois pontos distintos em comum. O segmento determinado por estes pontos recebe o nome de corda
Se calcularmos a distância entre estes dois pontos, podemos obter o comprimento da corda determinada pela reta na circunferência.
Problema com comprimento de corda
Utilizando um sistema de coordenadas com unidades em quilômetros, um avião segue um trajeto segundo a reta de equação $x- 2y- 10 = 0$ e irá atravessar uma zona de risco. A zona de risco pode ser descrita como uma área circular de circunferência $x^2 + y^2- 8x- 4y = 180$.
Determine que distância o avião percorre dentro da zona de risco. (Utilize $\sqrt2 = 1,4).$
Primeiro vamos determinar os pontos de interseção entre a reta e a circunferência, que representam onde o avião entra na zona de risco e onde o avião sai da zona de risco.
\begin{cases}
x^2 + y^2- 8x- 4y = 180 \\
x- 2y- 10 = 0
\end{cases}
Vamos isolar o $x$ na segunda equação e substituir na primeira:
$$x = 2y + 10$$
$$(2y + 10)^2 + y^2- 8 (2y + 10)- 4y = 180 \\
4y^2 + 40y + 100 + y^2- 16y- 80- 4y = 180 \\
5y^2 + 20y – 160 = 0 \qquad (\div5) \\
y^2 + 4y- 32 = 0 \qquad \quad$$
Utilizaremos soma e produto para resolver esta equação:
$$\begin{align}
&S =- 4 \\
&P =- 32
\end{align} \Rightarrow \begin{array}{l}
y_1 = 4 \\
y_2 =- 8
\end{array}$$
Estas são as coordenadas $y$ dos pontos de interseção; agora vamos substituí-los em alguma das equações para saber a coordenada $x$; vamos escolher a equação da reta por comodidade:
\begin{align} y = 4 \rightarrow &x = 2 \cdot 4 + 10 \\
&x = 8 + 10 \\
&x = 18 \\
\\
y=- 8 \rightarrow &x = 2 \cdot (- 8) + 10 \\
&x =- 16 + 10 \\
&x =- 6
\end{align}
Portanto os pontos de interseção são $(- 6,- 8)$ e $(18, 4)$. Agora precisamos da distância entre estes pontos:
$$d = \sqrt{(18- (- 6))^2 + (4- (- 8))^2} \\
d= \sqrt{24^2 + 12^2} \\
d = \sqrt{720} \\
d = 6 \sqrt 5 \\
d = 6 \cdot 2,2 \\
d = 13,2 \ km$$
Portanto o avião percorre aproximadamente $13,2 \ km$ dentro da zona de risco.